Nunca pensei que esse plebiscito fosse me trazer tanta tristeza. Nessa reta final de campanha, eu me senti um ser condenado a morte por explicitar uma opinião contrária da maioria. Graças a Deus eu não nasci na didatura. Seria o desgosto da minha família por ser uma presa política ou ser morta e enterrada como indigente. Nessa guerra de palavras ofensivas, o anseio popular por melhoras atiram pedras pra tudo que é lado, e é pra atingir e se atingir, bem feito, quem manda nao ser do nosso lado. Penso estar revivendo a mesma situação vivida na campanha do DCE da UFPA: toma-se uma posição e aguente as consequencias. Amigos? Não existem amigos nessas horas. Por isso política não é pra mim, ou você é amigo ou não é, ou você gosta ou você não gosta independente de SIM e de NÃO.
Eu me vejo num beco sem saíde, onde sou atacada por ser belenense, onde tenho que ouvir, ver e ler coisas abusurdas sobre Belém, minha cidade querida, minha terra amada, cidade onde nasci e me criei com muito orgulho. Demonizam a cidade que tem tantos problemas sociais ou ate mais graves que muito interiores por ai. Ficar calada me doi, me angustia, me trava, me faz olhar diferente para as pessoas que repetem esse discurso vitimizado. Eu que amei à primeira vista a cidade que me acolheu, jamais me atreveria e mencionar um ai contra Juruti ou Santarém, ou qualquer outra cidade do oeste do Pará. Taxam Belém como o paraíso e a região do Tapajós como a pior lugar do mundo. Esse dramalhão me enoja, e me irrita tantas pessoas compatilhando da mesma ideia. Estão cegas por uma causa criada por interesses politicos, criada por uma elita inconformada em não ser tratada como elite. Isso me recorda Belém na Belle Epoque. Casas, teatros, praças e avenidas iguais a Paris para excluir e esconder os cortiços onde ficavam os explorados e mantenedores dessa mesma elite sugadora.
Estão perdendo a noção das coisas e discernimento de quem deve ser atacado. Nunca me senti tão mal e ofendida. Esse plebiscito está tirando a razão de muita gente. Isso tudo está sendo aplaudido por essa gente inescrupulosa, que na frente das cameras são inimigos eternos, por detras delas brindam mais uma vitória e fazem alianças.
As vezes eu pergunto se sou a única sã ou se sou a única errada. Ver amigos, pessoas que você gosta, desdenhando sua cidade, desdenhando a contribuição que você dá ao morar aqui na região tapajônica, manifestando sentimento de ódio, é apavorante. Tenho medo de mim depois desse plebiscito. Tenho medo de nunca mais ver as coisas e pessoas da mesma forma que antes. Porque tudo isso magoa. Tenho procurado me neutralizar o maximo, mas é tão cruel comigo mesma. Tenho medo de entrar nesse jogo e julgar as pessoas por causa disso.
É muito ruim ser considerada patinho feio dentro de uma família a qual você abraçou e escolheu para a ser a sua segunda família. Eu me sinto completamente desrespeitada. E falta de respeito é algo que eu não admito. É assim que eu me sinto, sozinha, desamparada, isolada, perdida, sem identidade, sem forma, sem conteúdo. Antes eu ria das coisas ilógicas, hoje eu choro em ver tantas injustiças.
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